15 de agosto de 2025

Carta 67 – Amolecer num ócio imperturbado, isso não é tranquilidade, é paz podre!

Comecemos pelas banalidades! A primavera começou a mostrar-se, mas, embora já nos aproximássemos do verão, – que é a altura própria do calor – o tempo refrescou e, portanto, não há que confiar nele; frequentemente voltamos aos dias invernosos. Queres que te diga até que ponto o tempo está incerto? Ainda não me atrevo à água fria e tenho que lhe adoçar a temperatura(Cf. a carta 53, […]

14 de agosto de 2025

Carta 66 – A mera sensibilidade não é capaz de ajuizar sobre o bem e o mal; é incapaz de destrinçar o que é útil do que é inútil.

Depois de tantos anos sem o ver reencontrei o meu antigo condiscípulo Clarano. Não esperas, julgo, que acrescente: “Está um velho!” O fato é que o homem conserva o espírito vivo e alerta, em contraste com a sua debilidade física. A natureza mostrou-se injusta ao colocar um tal ânimo em corpo tão débil; a menos que a sua intenção fosse precisamente mostrar-nos como a presença de um ânimo […]

13 de agosto de 2025

Carta 65 – À nossa liberdade importa imenso investigar as questões acima referidas

O meu dia de ontem foi repartido entre mim e a falta de saúde: a parte da manhã coube-lhe a ela, de tarde pude dispor de mim próprio. Para começar experimentei as minhas forças através da leitura; vendo que aguentavam, atrevi-me a exigir mais delas, ou melhor, a deixá-las à vontade. Escrevi alguma coisa, com mais cuidado mesmo do que é meu costume, quando luto com um […]

12 de agosto de 2025

Web archive é maravilhoso

Eu estava olhando para o “mundo de keika 4.0” e lembrei que eu sempre compro o domínio e não sei que nome dar para o site. To em choque. Eu descobri que eu estou consistentemente há 20 deixando “o mundo de keik@” e depois eu troco. Há 20 anos não trocando. Seneca, Keika 2.0 ( no box do Fotolog) , Reveillons zero novidades. Rindo litros. […]

12 de agosto de 2025

Carta 64 – É possível pensar neles sem as maiores provas de respeito e admiração?

Ontem estiveste na nossa companhia. “Apenas ontem?” Não te queixes: repara que eu escrevi “na nossa companhia”, o que significa que na minha estás tu sempre! Vieram visitar-me alguns amigos, e aumentou a fumaça na minha chaminé: não daquelas fumaradas que se evolam da cozinha dos ricaços para grande susto dos bombeiros, mas uma fumaça modesta apenas para dizer que havia convidados em casa. A conversa foi variada, como é […]

11 de agosto de 2025

Carta 63 – Ó desgraçada estultícia a nossa, que até da própria dor faz uma arma de propaganda!

Lamento profundamente o falecimento do teu amigo Flaco, no entanto entendo que a tua dor não deve ultrapassar os limites do razoável. Não ousaria exigir de ti que não sentisses o mínimo abalo perante o fato, embora isso fosse o ideal. Uma tal firmeza de ânimo, contudo, apenas está ao alcance de quem já se alçou muito acima das contingências da fortuna. E mesmo um homem assim não […]

10 de agosto de 2025

Carta 62 – seja qual for o local ou o tempo em que eles viveram, é para junto deles que vai o meu espírito

São puros mentirosos todos os que pretendem fazer crer que, se não se entregam ao estudo, é por causa dos seus inúmeros afazeres. Na realidade tais afazeres são um pretexto, são afazeres empolados por gente que se quer fingir ocupada! Eu sou um homem livre, Lucílio, inteiramente livre, e, onde quer que esteja, tenho todo o tempo à minha disposição. Não me entrego aos afazeres, presto-me a eles, quando […]

9 de agosto de 2025

Carta 61 – Ninguém é infeliz quando faz algo porque o mandam, mas sim quando o faz de má vontade

Deixemos de desejar aquilo que já algum dia quisemos. Eu, por minha parte, faço o possível por não ter em velho os desejos que tinha em garoto. Os meus dias e as minhas noites, os meus esforços e pensamentos têm como objetivo pôr termo aos meus antigos defeitos. Procedo de modo a que cada dia seja o equivalente de uma vida inteira; mas, Hércules me valha!, não […]

8 de agosto de 2025

Carta 60 – Como é insignificante o que basta para satisfazer a natureza!

Estou triste, estou zangado, estou furioso contigo! Então tu continuas a formular para ti os mesmos votos que a tua ama, o teu pedagogo ou a tua mãe?! Ainda não percebeste todo o mal que eles te desejaram? Oh, como são contrários ao nosso bem os votos dos nossos familiares, e tanto mais contrários quanto mais bem sucedidos se verificaram na realidade! Já não me espanta que os nossos […]

7 de agosto de 2025

Carta 59 – A fortuna não pode roubar aquilo que não deu!

A tua carta deu-me um enorme prazer. Consente que eu use o vocabulário de toda a gente, sem entenderes as minhas palavras em sentido estóico. É crença nossa que todo o prazer é um vício. Seja; nem por isso deixamos de empregar o termo “prazer” para denotar uma alegria interior. Sei muito bem, repito, que, de acordo com os nossos dogmas, o “prazer” é uma coisa indigna e que apenas […]