1 de outubro de 2025

Gestão do real

Ou da gestão das frustrações. porque o que é obvio para mim já não era óbvio para todo mundo. imagina agora que não tem o papai para me lembrar disso e eu não tenho mais 10 anos. Se a coisa não tá piorando é porque eu to fazendo alguma coisa errada. Não contrário. A essa altura do campeonato é tudo manutenção de hábito.

1 de outubro de 2025

Carta 114 – O estilo é um reflexo da vida!

Qual a causa que provoca, em certas épocas, a decadência geral do estilo? De que modo sucede que uma certa tendência se forma nos espíritos e os leva à prática de determinados defeitos, umas vezes uma verborreia desmesurada, outras uma linguagem sincopada quase à maneira de canção ? Porque é que umas vezes está na moda uma literatura altamente fantasiosa para lá de toda a verosimilhança, e outras […]

30 de setembro de 2025

Carta 113 – A forma de poder mais alta e divina que existe: o poder de nos dominarmos a nós mesmos!

Pedes-me que te escreva a expor a minha opinião sobre mais um problema debatido pelos nossos mestres estóicos, a saber, se a justiça, a coragem, a prudência e as demais virtudes são ou não seres animados (1) Caro Lucílio, com estes subtis raciocínios não conseguimos mais do que dar a aparência de exercitar o engenho com bagatelas e empregar os nossos ócios em discussões totalmente estéreis. Vou, no entanto, satisfazer o teu desejo […]

29 de setembro de 2025

Carta 112 – Os homens amam e odeiam ao mesmo tempo os próprios vícios

Gostaria imenso que esse teu amigo se decidisse a aceitar a formação cultural e moral que tu desejas para ele. Só que ele já está duro demais para isso. Melhor dizendo – e isto até torna as coisas mais difíceis! – , ele já está demasiado amolecido, sem forças devido aos maus hábitos que há muito contraiu. Vou dar-te um exemplo colhido na minha experiência prática. Não é qualquer videira que aguenta um enxerto. […]

28 de setembro de 2025

Carta 111 – Não pode conduzir bem a sua vida quem não tiver aprendido a desprezá-la.

Perguntaste-me qual o termo latino para designar os sophismata. (1) Muitos autores tentaram impor-lhes um nome, mas nenhum vingou, talvez porque, tal como a coisa não nos era familiar nem estava nos nossos hábitos, também ao nome se ofereceu resistência. De qualquer modo, o termo que se me afigura mais adequado é o usado por Cícero: cauillationes (2) . Quem se entrega à respectiva prática, sem dúvida será capaz de arquitectar argumentos cheios de agudeza, mas sem qualquer […]

27 de setembro de 2025

Carta 110 – Nós não tememos em plena luz, criamos, sim, trevas a toda a nossa volta!

Estou-te saudando da minha quinta de Nomento. Oxalá estejas de boa saúde espiritual, isto é, oxalá os deuses te sejam todos propícios, pois não pode deixar de gozar do favor benevolente dos deuses quem consegue estar em paz consigo mesmo. Não tomes em consideração, de momento, a crença por alguns partilhada de que cada um de nós foi colocado sob a tutela particular de um deus, não de um […]

26 de setembro de 2025

Carta 109 – Na realidade, ser útil consiste em estimular o espírito segundo a natureza por ação da própria virtude.

Estás interessado em saber sé um sábio pode ser útil a outro sábio. Nós definimos o sábio como um homem dotado de todos os bens no mais alto grau possível. A questão está pois em saber como é possível alguém ser útil a quem já atingiu o supremo bem. Ora, os homens de bem são úteis uns aos outros. A sua função é praticar a virtude e manter a sabedoria num […]

25 de setembro de 2025

Carta 108 – Quanto mais conhecimentos o espírito absorve tanto mais capacidade vai adquirindo.

A questão que me pões é daquelas que apenas importa solucionar pelo simples prazer de as solucionar. Apesar de tudo, como tens prazer em conhecê-la, empenhas-te em a colocar, sem quereres esperar pela obra de conjunto que eu estou neste momento a compor dedicada à “Filosofia Moral” (1) Vou, então, responder ao teu problema, mas não sem que antes te aconselhe como deves moderar esse apetite ardente de saber de […]

24 de setembro de 2025

Carta 107 – Não queiramos fugir ao curso desta máquina deslumbrante na qual estão entretecidos também os nossos sofrimentos.

Que é feito da tua capacidade de prever? Onde está a tua sagacidade na apreciação das coisas? Onde está a tua grandeza de alma? Deixares-te afligir por uma questão tão mesquinha! … Os teus escravos entenderam que as tuas múltiplas ocupações lhes davam azo para se pôrem em fuga! Se os teus amigos te enganassem (continuemos, apesar de tudo, a dar-lhes o nome que a nossa ingenuidade lhes atribuiu, para lhes […]