Categoria: inferências a lucílio

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2 de agosto de 2025

Carta 54 – A morte é o não ser; e este estado conheço-o eu perfeitamente: o “depois de mim” será idêntico ao “antes de mim”

A falta de saúde tinha-me permitido gozar uma prolongada licença, mas de repente abateu-se de novo sobre mim. Vais perguntar-me qual foi desta vez a doença, e tens razão em fazê-lo, pois não há maleita que eu não tenha experimentado. Há uma, porém, à qual desde sempre tenho sido fiel; e a essa doença não vejo razão para designá-la com o seu nome grego de asma, pois […]

2 de agosto de 2025

Carta 53 – “eu não estou disposta a aceitar o tempo que vos sobejar, vós é que tereis apenas aquele de que eu não necessite”

O que não deixarei eu convencer-me a fazer depois de me ter deixado persuadir a uma viagem por mar? Quando parti estava o mar calmo; o céu estava, em boa verdade, coberto de nuvens escuras, daquelas que quase sempre resultam em vento ou em chuva, mas pensei que podia abreviar aquelas poucas milhas que vão da tua Parténope até Putéolos, mesmo com o céu dúbio e […]

31 de julho de 2025

Carta 52 – Que satisfação te podem dar os aplausos de gente que tu não tens motivo para aplaudir?

Que tendência é esta, Lucílio, que nos desvia do rumo pretendido, que nos empurra para o ponto donde pretendemos sair? Que debate se desenrola na nossa alma e nos impede de manter uma vontade firme? Andamos à deriva entre resoluções contrárias; não conseguimos ser fiéis a uma vontade livre, absoluta, constante. Dirás tu que é prova de insensatez não ter um propósito contínuo, um interesse permanente. […]

30 de julho de 2025

Carta 51 – A fortuna declarou-me guerra. Eu não obedeço às suas ordens, o que implica ainda maior coragem.

Cada um faz como pode, Lucílio amigo ! Tu estás aí ao pé do Etna, a famosíssima montanha da Sicília, à qual Messala, ou Válgio (encontrei o adjetivo em ambos) apelidou de “única”, nunca percebi porquê. Há muitas regiões vulcânicas, não só montanhosas, que é o caso mais frequente talvez devido à tendência que o fogo tem para subir, mas mesmo regiões de planície. Eu por […]

29 de julho de 2025

Carta 50 – Ninguém atingiu a sabedoria sem primeiro passar pela insensatez! Todos temos o inimigo dentro de casa

Recebi a tua carta muitos meses depois de ma teres enviado. Julguei, por isso, que seria inútil perguntar ao mensageiro como ia a tua vida. Era preciso que ele tivesse uma memória de ferro para se recordar. De resto, espero que tu já vivas de modo tal que, onde quer que estejas, eu possa sempre saber como vai a tua vida. Em que consiste, de fato, […]

28 de julho de 2025

Carta 49 – Dá-me coragem para encarar as dificuldades, para afrontar o inevitável; torna-me menos angustiante a falta de tempo.

Lembrarmo-nos de um amigo só porque a contemplação de um determinado local no-lo traz à memória significa, meu caro Lucílio, uma certa indolência e indiferença do espírito. É, no entanto, verdade, que a vista de um sítio familiar desperta, por vezes, saudades bem enraizadas na nossa alma; não é uma recordação apagada que ressuscita, é uma lembrança ténue que se aviva. O caso assemelha-se ao das […]

27 de julho de 2025

Carta 48 – A amizade estabelece entre nós uma comunhão total de interesses

À carta que me enviaste durante a tua viagem, tão longa como a própria viagem, responderei mais tarde: tenho de me concentrar e analisar com cuidado os conselhos a dar-te. Tu mesmo, ao fazeres essa consulta, deliberaste longamente se me havias de consultar. Outro tanto devo eu fazer, e com mais razão, já que é preciso mais tempo para resolver um problema do que para apresentá-lo. Tanto mais ainda […]

26 de julho de 2025

Carta 47 – Nenhuma servidão é mais degradante do que a voluntariamente assumida

Foi com prazer que ouvi dizer a pessoas vindas de junto de ti que vives com os teus escravos como se fossem teus familiares. Isso só atesta que és um espírito bem formado e culto. “São escravos”. Não, são homens.“São escravos”. Não, são camaradas.“São escravos”. Não, são amigos mais humildes.“São escravos”. Não, são companheiros de servidão, se pensares que rodos estamos sujeitos aos mesmos golpes da fortuna. Por isso […]

25 de julho de 2025

Carta 46 – Mesmo sem motivo, mente-se por hábito!

Chegou-me às mãos aquele teu livro que me havias prometido. Na intenção de o ler com mais vagar, limitei-me a abri-lo, como que para prová-lo. Ele mesmo, porém, me tentou a prolongar a leitura. E podes compreender como me foi grata a sua linguagem se te disser que é de leitura fácil, muito embora exceda as dimensões habituais das minhas obras e das tuas, parecendo à primeira vista […]

24 de julho de 2025

Carta 45 – É a casos destes que devemos atribuir as designações exatas

Queixas-te de teres aí falta de livros. Não interessa a quantidade, mas sim a qualidade: a leitura é proveitosa se for metódica, se apenas for variada torna-se um mero divertimento. Quem deseja chegar à meta que se propôs deve seguir um só caminho, e não vaguear por vários: de outro modo não viaja, deixa-se ir ao acaso. Vais responder-me que me não pedes conselhos, mas sim que […]