Categoria: inferências a lucílio

ploc de inferencia lucilio

13 de julho de 2025

Carta 34 – Não segue o caminho da verdade aquele cujos atos discordam do que afirma

Sinto-me pleno de exaltação, sinto que a velhice perde peso e ganha forças sempre que vejo, em quanto fazes e escreves, até que ponto tu (que já te retiraras do vulgo) fazes progressos sobre ti próprio. Se o prazer que o agricultor sente pela árvore, culmina quando ela dá fruto, se a alegria do pastor lhe vem das crias do seu rebanho, se qualquer homem sente no […]

12 de julho de 2025

Carta 33 – Nós não vivemos em monarquia: cada um conserva a sua autonomia;

Desejas que nesta série de cartas eu vá inserindo também, como nas anteriores, algumas máximas dos nossos mestres. Eles não perderam tempo com floreados: toda a sua obra em conjunto está cheia de vigor. Fica sabendo que uma obra da qual emergem frases notáveis é de valor desigual: não nos quedamos de admiração ante uma árvore quando toda a floresta cresceu até à mesma altura. Máximas do mesmo […]

10 de julho de 2025

Carta 31 – Mostra-te surdo aos conselhos dos que mais te querem bem: com boas intenções, apenas te desejam mal.

Estou reconhecendo o meu Lucílio: já começa a mostrar-se tal como prometia vir a ser. Prossegue com essa disposição de espírito que te permite desprezar todos os bens vulgares e tender apenas para o sumo bem: não pretendo sequer que te tornes maior ou melhor do que te esforçavas por ser. A tua preparação de base era bastante ambiciosa: procura, portanto, atingir somente o alvo que te tinhas proposto e põe em […]

9 de julho de 2025

Carta 30 – Não querer morrer é o mesmo que ter querido não viver

Fui há pouco visitar Aufídio Basso: encontrei esse excelente homem alquebrado, lutando contra a idade. O peso dos anos, porém, já é excessivo para a sua parca energia: a velhice carrega sobre ele com todas as forças. Tu sabes que ele foi sempre um homem de compleição enfermiça e débil; durante algum tempo lá foi aguentando, melhor diria, escorando o seu corpo; agora, subitamente, desistiu. Tal como […]

8 de julho de 2025

Carta 29 – Um bom arqueiro não é o que acerta algumas vezes, mas sim o que só ocasionalmente falha

Perguntas-me como vai e o que faz o nosso amigo Marcelino. Ele vem pouco a minha casa, pela pura e simples razão de que tem medo de ouvir a verdade. Desse perigo, aliás, está ele livre, pois eu acho que se não deve dizê-la senão a quem está disposto a ouvi-la. Por essa razão se tem posto em causa se Diógenes, bem como os outros cínicos, que falavam sem peias e […]

7 de julho de 2025

Carta 28 – Vai atrás de ti o mesmo que te faz fugir

Pensas que só a ti isso sucedeu; admiras-te, como se fosse um caso raro, de após uma tão grande viagem e uma tão grande variedade de locais visitados não teres conseguido dissipar essa tristeza que te pesa na alma!? Deves é mudar de alma, não de clima. Ainda que atravesses a vastidão do mar, ainda que, como diz o nosso Vergílio, “as costas, as cidades desapareçam no horizonte”(1), os teus vícios seguir-te-ão onde […]

6 de julho de 2025

Carta 27 – A virtude não se conquista por procuração

“Quem és tu para me dar conselhos? Acaso já te aconselhaste a ti próprio, já corrigiste o teu caráter, para te poderes armar em diretor da consciência alheia?” Objeção justa, a tua; eu, contudo, não sou tão descarado que, doente eu próprio, me aplique a dar remédio aos outros! É como companheiro de sanatório que eu falo contigo da nossa comum enfermidade e te dou parte dos medicamentos que uso. Escuta, portanto, […]

5 de julho de 2025

Carta 26 – Não se sabe quando e onde a morte te espera; espera tu, portanto, a qualquer momento por ela!

Dizia-te eu, não há muito, que já estava à vista da velhice; agora creio bem já ter deixado a velhice lá para trás de mim! À minha idade, ou pelo menos ao meu corpo, já será adequada outra designação, pois “velhice” é o nome que se dá ao período da vida em que o homem está, embora cansado, ainda não gasto de todo. Inclui-me, portanto, no número dos decrépitos […]

4 de julho de 2025

Carta 25 – Ignoro se vou ser bem sucedido, mas prefiro não obter êxito a faltar ao meu dever

O tratamento adequado aos nossos dois amigos tem de usar métodos completamente diferentes. De fato, enquanto os vícios de um deles carecem de correção, os do outro exigem ser travados à força. Dir-te-ei com toda a franqueza: só serei na realidade seu amigo se for violento com ele! “Ora essa!” – dirás tu. – “Pensas que podes manter sob o teu controle um discípulo de quarenta anos? Repara que já […]